terça-feira, 12 de setembro de 2017

"Esquentando a notícia" o que realmente mudou na comunidade?

Replicando texto de Sílvio Rocha.
#forçatimbauva

Voltamos nesta segunda-feira... É nosso primeiro dia de aula depois da escola ter sido sitiada na quarta-feira passada... Não senti na escola aquela algazarra habitual... Evidente que não esperava uma alegria efusiva, mas essa apatia também não. Passamos em todas as salas de aula... apenas metade dos alunos... O recreio sem os gritos ensurdecedores das crianças... senti falta até mesmo daquela correria que faz do “pega-pega” uma brincadeira bem mais bruta do que a de minhas lembranças do meu tempo de criança. Sempre falamos na escola que segunda-feira é o dia do chá... das doenças... das carências... pois não são poucos alunos que nos procuram para relatar alguma dor que estão sentindo... que precisam de uma atenção diferenciada, de um “cafuné”, após um final de semana sem escola... mas nessa segunda-feira foi diferente... sem dores... sem doenças... apenas o vazio gritante... Algumas pessoas nos comentários da postagem que fiz na quarta-feira, ainda impactado pelo que ocorrera, disseram “A Síria é aqui e agora...” Ao ver a escola com metade dos alunos esta afirmação ficou ecoando em minha cabeça... Aqui é a Síria... Aqui é o Iraque... Aqui é Burundi... “Aqui e agora”, na Timbaúva, é como em todas as localidades que se tornaram zonas de conflito... Há uma evidente fuga do bairro... Hoje o pedido do chá para “as diferentes dores” deu lugar ao comunicado de que “passaremos um tempo sem vir a escola...” “Estamos indo para...” “vamos esperar que fique mais calmo...” “não podemos continuar aqui...” Alguns falam de um afastamento temporário, já outros formalizam seus pedidos de transferência... O bairro não é seguro... A insegurança é, sem dúvida, bem mais do que apenas uma sensação que sentimos... ela é real... ela existe... É cotidiana... Ela está nos tiros escutados perto da escola... Ela está nos relatos de chacinas e assassinatos de familiares de nossos alunos... Nas histórias contadas pelas crianças nas salas de aula... A insegurança esfrega suas garras em nossas caras... A insegurança diante dos conflitos está gerando refugiados dentro da própria cidade... Não há possibilidade de outra escolha... É preciso sair do bairro... pedir abrigo à parentes e amigos residentes em outros locais... mudar... Até mesmo nesta ação extrema de deixar a própria casa estes cidadãos estão invisíveis... são refugiados que não contam nas estatísticas... Contudo, para nós, que diuturnamente estamos nas escolas de periferia, este ser humano, nosso aluno, tem nome... tem história... tem esperança... merecem nossa solidariedade e políticas públicas que respondam às suas necessidades vitais... não um olhar superficial mistificador, falas falaciosas, midiáticas ou um aparato repressivo que, por vezes, não vai além do tempo que as mídias ficam “esquentando a noticia”...
Foto de Silvio Rocha.
Foto de Silvio Rocha.
Foto de Silvio Rocha.
Foto de Silvio Rocha.
Foto de Silvio Rocha.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A guerra próxima viola o espaço escolar...

Replico o texto do colega Sílvio Rocha da escola em que estamos agora, sobre o que aconteceu na última quarta-feira.

Dia muito difícil hoje na escola Timbauva. A violência nos cerca e impede a normalidade das aulas. Compartilho a reflexão do colega Silvio Rocha:
Silvio Rocha adicionou uma foto e um vídeo.
Hoje nossa escola foi sitiada... vivemos momentos de pânico e angústia. Ao iniciar o turno da tarde ocorreram várias rajadas de tiros... gritaria... correria... crianças e pais agitados buscando refúgio na escola... Choros, murmurinhos e aquele ar pesado de que algo muito ruim pode acontecer a qualquer instante... Como manter a normalidade da aula?
Outros tiros são audíveis na proximidade da escola... Percorro o corredor do prédio da entrada, onde os pais se aglomeram na tentativa de encontrar proteção... O corredor está lotado... o burburinho de vozes trêmulas e tensas sufoca o ambiente... Olho para as crianças da pré-escola... lá estão sentadinhas no chão... no rosto de algumas as lágrimas ... em outras percebo as mãos trêmulas... (meus Deus com seis anos de idade e as mãos trêmulas) Aquele olhar pueril, mas que sente o peso da situação de guerra vivida... A guerra próxima viola o espaço escolar... o recado é certeiro e inequívoco... para facções rivais não existe lugar intocável...
A correria continuava... Meus colegas professores/as e funcionários/as, embora oprimidos pelo que estávamos vivenciando, exercitaram todos seus instintos de proteção e fraternidade para com os alunos... Novas rajadas ali e acolá... A agitação aumenta...
Agora o recado vindo de fora era ameaçador: evacuar a escola, pois a invasão é eminente... deve ser rápido... ou vai dar “merda”... a tomada da vila foi deflagrada... e a escola é alvo... é o trunfo de alerta... É o sinal vermelho para dizer que ninguém será poupado.. Os telefones não param... após muitas ligações e nosso pedido de ajuda para a Brigada Militar e a Guarda Municipal a resposta foi praticamente a mesma: não temos efetivo para ajudar a escola...
Novamente sozinhos... a evacuação começa... Diante de tudo, até foi organizada para evitar o pânico... Nesse momento nossos telefones particulares também foram utilizados para enviar alertas aos familiares para que todos alunos pudessem sair em segurança... Vi ainda muitos pais buscando abrigo na escola... com medo de ir embora... e nós tendo que mandá-los para casa, pois sabíamos que a escola naquele momento era zona de risco...
Aos poucos a escola foi sendo esvaziada... o murmurinho deu lugar a um clima de angustia pela certeza de que nossos alunos terão um longo feriadão... pela incerteza de como ficarão nesses dias... Como será o retorno na segunda-feira? Que inferno viverão?
Com a escola já quase vazia chega a guarda municipal para garantir a saída de todos... vários carros em diferentes pontos das esquinas da escola... Agora os tiros deram lugar aos motores de nossos carros saindo dali... Nós saímos do bairro... nossos alunos ficaram... Deus proteja-os...
Há, é bom dizer que nosso salário foi parcelado pelo Marchezan e seu secretário de educação, mas não dá para esquecer que a Vida não pode ser parcelada... ela está diante de nós de forma inteira e integral... Assim, estamos de “corpo e alma” no desconforto do conflito armado que transpassa as dependências da escola... ainda que nos nossos lares estejamos vivenciando os efeitos do parcelamento do salário... De qualquer maneira, em uma ou outra situação, é o poder público não cumprindo suas obrigações...
Força Timbaúva.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Novo projeto recém iniciado, confira

Nos seus primeiros passo a proposta de Educo Timbaúva na EMEF Timbaúva dentro do Projeto Mediações Por Outras Inteligências.
#emeftimbauva

Confira abaixo:

Turma da manhã iniciando pelo rádio e turma da trade pela fotografia.



Neste encontro de hoje foi feito um estudo de enquadramento fotográfico e após feita a proposta de fotografar o processo de realização da horta no Projeto de Embelezamento da Escola. Deviam produzir fotos pelos planos grande, médio, geral e detalhe.